Ao caminhar em direção ao altar ou ao subir ao púlpito, é importante reconhecer que cada passo carrega uma grande responsabilidade. Para muitas pessoas, esse momento é o mais significativo de suas vidas - é um compromisso diante de Deus e da igreja. No entanto, com toda a empolgação e preparação para esse momento, é fácil perder de vista o que realmente importa. Muitas vezes, ficamos tão focados nos detalhes externos que esquecemos das questões internas essenciais. Neste artigo, discutiremos elementos que devemos evitar trazer ao púlpito.
Soberba
A palavra "soberba" é frequentemente traduzida do grego "ὑπερηφανία" (hyphēphania), que se refere a um estado de arrogância, orgulho excessivo ou autoimportância. Em algumas traduções, a palavra "soberba" pode ser substituída por termos como "orgulho", "presunção" ou "altivez". A soberba é frequentemente retratada como um empecilho na vida do crente, pois leva à desobediência, à queda espiritual e ao distanciamento de Deus.
Por outro lado, a falta de confiança pode ser prejudicial, mas o excesso dela também pode ser. Estamos sempre em processo de aprendizagem, nunca chegaremos ao ponto de declarar: 'Já sei tudo'. Quando nos colocamos diante da igreja, devemos ter em mente que somos cooperadores e que estamos ali para servir, não para meramente exibir um dom. Por exemplo, pregar com eloquência, persuasão e profundidade, ou entoar hinos com uma voz singular, não deve nos levar a considerar-nos melhores ou exclusivos (Fp 2:3; Pv 16:18; Rm 12:3).
O apóstolo Paulo, ao escrever à igreja da Galácia, afirma: "sirvam uns aos outros mediante o amor" (Gálatas 5:13b). O altar não deve ser visto como um palco para brilhar ou como um trampolim para a realização de nossos próprios projetos. É, antes de tudo, um lugar onde devemos praticar o serviço e o amor ao próximo. Ao ter a oportunidade, seja para pregar, louvar, testemunhar ou orar, não usemos esse espaço para nos colocarmos como juízes diante de uma assembleia de servos; antes, contudo, sirvamos servindo aos servos (Jo 12:26).
Acusações
Agir com acusação pode acabar a unidade e a comunhão entre os irmãos. A Bíblia nos ensina a abordar as diferenças e conflitos com graça e misericórdia, em vez de lançar acusações uns contra os outros. Jesus nos instruiu a resolver conflitos pessoalmente e a buscar a reconciliação (Mt 18:15-17), em vez de espalhar rumores ou acusações infundadas. Quando optamos por não utilizar o altar como local de acusação na igreja, estamos seguindo o exemplo de Cristo, que nos chamou para amar uns aos outros como Ele nos amou (Jo 13:34-35).
A Palavra de Deus nos ensina a encorajar e exortar uns aos outros (1 Ts 5:11), em vez de apontar dedos ou julgar. Ao agirmos com compaixão e humildade, estamos fortalecendo a unidade e permitindo que a graça de Deus opere em nossos corações (Sl 133).
Rancor
O rancor, definido como ressentimento ou amargura persistente, é uma emoção prejudicial que pode se infiltrar nas relações dentro da igreja, inclusive em relação ao púlpito. Quando permitimos que o rancor se instale em nossos corações, ele nos impede de perdoar e seguir adiante. A falta de perdão não apenas nos aprisiona em um ciclo de dor e amargura, mas também prejudica nossa comunhão com Deus e com os outros. A Bíblia nos adverte sobre os perigos do rancor em Efésios 4:31-32, instruindo-nos a "livrar-se de toda amargura, indignação e ira, gritaria e calúnia, bem como de toda maldade. Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus os perdoou em Cristo."
É crucial entender que, ao ocupar o púlpito na igreja, não podemos permitir que o rancor ou a falta de perdão contaminem nossas mensagens. Pregar sobre o amor e a reconciliação enquanto abrigamos ressentimento é uma contradição imensa. Somos chamados a ser exemplos vivos do amor de Cristo, tanto em palavra quanto em ação. Romanos 12:18 nos exorta: "Se for possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens". Isso inclui a prática do perdão genuíno e a disposição de reconciliar mesmo quando nos sentimos injustiçados.
Vaidade
Na Bíblia, a vaidade é frequentemente associada a um orgulho excessivo, uma preocupação com a aparência externa ou uma busca por reconhecimento e elogios dos outros. É essencial que o crente não seja dominado pela vaidade. A Bíblia nos adverte sobre os perigos da vaidade e da busca por reconhecimento. Em Filipenses 2:3-4, Paulo nos exorta:
"Não façam nada por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros."
Além disso, Tiago 3:1 nos lembra da responsabilidade e da seriedade do ensino da Palavra de Deus, dizendo: "Meus irmãos, não sejam muitos de vocês mestres, sabendo que nós, os que ensinamos, seremos julgados com maior rigor." Portanto, ao subir ao púlpito, o crente deve lembrar-se de que seu papel é ser um instrumento nas mãos de Deus, transmitindo Sua mensagem com humildade e temor, sem buscar glória pessoal.
Irreverência
À medida que a sociedade moderna valoriza cada vez mais o entretenimento, é comum ver essa mentalidade se infiltrando nos cultos. Muitas vezes, o púlpito, que deveria ser um lugar reservado para a proclamação da Palavra de Deus e a adoração, é transformado em um palco para performances elaboradas ou discursos superficiais de autoajuda. Esta tendência é contrária ao propósito original da igreja, que é buscar a glória de Deus e edificar espiritualmente os crentes em Jesus.
Nesse sentido, reverenciar significa ter um profundo respeito, adoração e temor reverente por Deus. Envolve reconhecer Sua grandeza, poder e santidade, bem como Sua autoridade sobre nossas vidas (Sl111:10; Ap 15:4; Ec 5:7. Jó 1:8; 2 Co 7:1).