Os Utensílios Do Tabernáculo


O tabernáculo, conforme descrito na Bíblia, era o santuário móvel utilizado pelo povo de Israel durante sua estadia pelo deserto e posteriormente no templo. Este local de adoração foi construído segundo as instruções detalhadas dadas por Deus a Moisés no Monte Sinai, servindo como a morada temporária de Deus entre Seu povo (Êx 25:8-9). Dentro do tabernáculo, havia uma série de utensílios sagrados, cada um com um propósito específico, que não apenas desempenhavam funções práticas no culto, mas também apontavam simbolicamente para a obra redentora de Cristo. Neste artigo, estudaremos cada um desses utensílios, seu significado e como eles prefiguram Jesus Cristo, o cumprimento final do plano de salvação de Deus.

Arca da Aliança


A Arca da Aliança era um cofre sagrado feito de madeira de acácia, revestido de ouro puro por dentro e por fora (Êx 25:10-11). Media aproximadamente 1,10 metros de comprimento, 70 centímetros de largura e 70 centímetros de altura. Na parte superior da arca, havia uma tampa de ouro chamada propiciatório, com dois querubins de ouro nas extremidades, cujas asas se estendiam sobre o propiciatório, representando a presença de Deus (Êx 25:17-22).

A arca era colocada no Santo dos Santos, a parte mais sagrada do tabernáculo, e continha três itens principais: as tábuas da Lei (os Dez Mandamentos), o pote de maná e a vara de Arão que floresceu (Hb 9:4). Uma vez por ano, no Dia da Expiação, o sumo sacerdote aspergia sangue sobre o propiciatório, simbolizando a expiação dos pecados do povo (Lv 16:14-15).

Ela ponta para Cristo de várias maneiras. Primeiro, como a arca continha a Lei, Cristo é a Palavra viva de Deus (Jo 1:1). O propiciatório, onde o sangue era aspergido, simboliza a obra expiatória de Cristo na cruz, onde Ele derramou Seu sangue para a remissão dos pecados (Rm 3:25). Além disso, assim como a arca representava a presença de Deus entre Seu povo, Jesus é "Emanuel", que significa "Deus conosco" (Mt 1:23).

Mesa dos Pães da Proposição


Era uma mesa de madeira de acácia revestida de ouro, onde eram colocados doze pães, representando as doze tribos de Israel (Êx 25:23-30). Esta mesa ficava no Lugar Santo, à direita do candelabro. Os pães eram colocados na mesa todos os sábados e permaneciam ali até serem substituídos na semana seguinte (Lv 24:5-9). Esses pães, conhecidos como "pães da proposição" ou "pães da presença", eram comidos pelos sacerdotes, simbolizando a contínua presença de Deus e Sua provisão para as necessidades de Seu povo.

Cristo se refere a Si mesmo como "o pão da vida" (Jo 6:35), indicando que Ele é o alimento espiritual que sustenta a vida eterna. Assim como os pães da proposição eram um lembrete constante da presença e provisão de Deus, Jesus é o verdadeiro pão que desceu do céu para nos dar vida eterna (Jo 6:48-51).

Candelabro (Menorá)


O Candelabro era um candelabro de ouro puro, com sete lâmpadas, que representavam a luz de Deus (Êx 25:31-37). Ele tinha uma haste central e três braços de cada lado, formando um total de sete lâmpadas. Colocado no Lugar Santo, o candelabro permanecia aceso continuamente, iluminando o ambiente interno do tabernáculo (Êx 27:20-21). O óleo usado para manter as lâmpadas acesas era o óleo puro de oliva, que simbolizava a pureza e a santidade.

Esse é um símbolo de Cristo como "a luz do mundo" (Jo 8:12). Assim como o candelabro iluminava o tabernáculo, Jesus ilumina a vida daqueles que O seguem, guiando-os para a verdade e afastando as trevas espirituais. As lâmpadas do candelabro também podem ser vistas como uma representação do Espírito Santo, que ilumina o coração dos crentes.

Altar do Incenso


O Altar do Incenso era uma estrutura de madeira de acácia revestida de ouro, sobre a qual o incenso aromático era queimado continuamente (Êx 30:1-10). Este altar ficava no Lugar Santo, em frente ao véu que separava o Lugar Santo do Santo dos Santos. O incenso queimado no altar simbolizava as orações do povo subindo até Deus (Sl 141:2). O sumo sacerdote oferecia incenso pela manhã e à tarde, juntamente com as orações intercessórias pelo povo (Êx 30:7-8).

O Altar do Incenso prefigura o papel de Cristo como nosso intercessor. Assim como o incenso subia continuamente diante de Deus, as orações de Jesus intercedendo por nós são constantemente apresentadas diante do Pai (Hb 7:25). Cristo é aquele que, por meio de Seu sacrifício, tornou possível a nossa comunhão e oração com Deus.

Altar dos Holocaustos


O Altar dos Holocaustos era um grande altar de madeira de acácia revestido de bronze, usado para sacrificar animais como oferta pelo pecado (Êx 27:1-8). Localizado no pátio externo do tabernáculo, este altar tinha quatro chifres nos cantos, nos quais o sangue dos sacrifícios era aspergido. Neste altar, os sacerdotes ofereciam holocaustos e sacrifícios pelos pecados do povo. O fogo no altar era mantido continuamente aceso, simbolizando a contínua necessidade de expiação e purificação dos pecados (Lv 6:12-13).

É uma clara prefiguração do sacrifício de Cristo na cruz. Assim como os animais eram oferecidos em sacrifício para expiação dos pecados, Jesus, o Cordeiro de Deus, foi oferecido uma vez por todas para tirar o pecado do mundo (Jo 1:29; Hb 10:10). Os chifres do altar, onde o sangue era aplicado, simbolizam o poder do sacrifício de Cristo para salvar e purificar.

Bacia de Bronze (Lavatório)


A Bacia de Bronze era um grande lavatório feito de bronze, onde os sacerdotes lavavam suas mãos e pés antes de entrarem no tabernáculo para ministrar (Êx 30:17-21). Localizada no pátio do tabernáculo, entre o Altar dos Holocaustos e a entrada do Lugar Santo, a bacia era usada para a purificação dos sacerdotes. A lavagem era um ato simbólico de purificação e preparação para o serviço sagrado (Êx 30:18-20).

Assim como os sacerdotes precisavam se lavar para se purificarem, os crentes são purificados pelo sangue de Cristo e pela "lavagem da regeneração" pelo Espírito Santo (Tt 3:5; 1Jo 1:7). Cristo nos purifica para que possamos servir a Deus em santidade.

Cada utensílio do tabernáculo era mais do que apenas um objeto de culto; cada um apontava para uma realidade espiritual maior e servia como um tipo ou sombra de Cristo e de Sua obra redentora. Desde a Arca da Aliança, que representava a presença de Deus, até o Altar dos Holocaustos, que simbolizava o sacrifício de Cristo, cada detalhe do tabernáculo proclamava a mensagem de salvação que seria plenamente revelada em Jesus Cristo.

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